Inferno
é um termo de origem latina e significava a morada dos mortos, o mundo
inferior, lugar de sofrimento e condenação. A palavra é aplicada em vários
outros países e mitologias para definir as profundezas, ou o mundo inferior e
tem muitas outras terminologias, tais como Hades, do grego e Seol, do hebraico.
Este
termo sofre algumas variações nas diversas traduções, desde o Antigo
Testamento, em que surge a palavra Sheol, até ao Novo Testamento em que aparece
o termo Hades e na Septuaginta, cuja
tradução, um pouco infeliz, se refere a inferno.
Inicialmente
era entendido como um lugar escondido e oculto, a morada dos mortos e nunca um
lugar de sofrimento e tormento, como atualmente é entendido. A versão atual
refere-se a um lugar onde os diabos torturam aqueles que morrem e onde aparecem
formas humanas distorcidas, ou seres meio humano, meio animal e se faz
propaganda deste lugar em jogos e até mesmo em desenhos animados criando assim
uma imagem de um mundo de chamas eternas.
A fusão entre paixão, desejo, pecado e condenação envolvida na imagem do Inferno permitiram
ao imaginário contemporâneo imaginar antes lugar de prazer e de servidão ao
prazer do que propriamente de sofrimento ou purificação. O fenômeno é bem
observado na cultura cristã que, no seguimento dos esforços aplicados às ideias
de purificação do monoteísmo, condenou as divindades mais materiais da fertilidade, das paixões e da energia sexual, o que literalmente as transformou em demônios. Assim, os arquétipos da paixão e do prazer ficaram associados ao
do inferno, com a consequente mudança de sentido e de atração sobre a
imaginação.
Outras correntes de
pensamento actuais, curiosamente também com base na cultura católica-cristã,
demonstram a sua opinião de inferno não como um local físico, mas antes como um
estado de espírito, indo ao encontro da ideia preconizada por diversas
correntes filosófico-religiosas partidárias da reencarnação[1].
Muito
embora existam diferentes formas de definir o inferno, o certo é que na
atualidade se dá enfase a um lugar propício aos prazeres sexuais e aos
instintos humanos mais selvagens. Este mesmo realce é salientado de certa forma
chamativa que o seu contrário soa a falsidade e a mentida estampada a quem
estiver de fora. É o caso de algumas igrejas ditas cristãs que apregoam o
evangelho de uma forma impositiva cujo único intento é a chamada dizima. O dinheiro, sempre o dinheiro no meio de tudo
isto. O mote para muitas discórdias e muito crime.
A
ideia surge também nos jogos de computador, em filmes e nos desenhos animados
como um lugar atrativo dando uma imagem distorcida de uma realidade suposta da
qual ninguém pode ao certo dizer se existe, ou não. A publicidade e as mais
diversas empresas aproveitam-se desta forma para lucrar com tudo isto e assim
levar a juventude a desviarem-se de uma realidade cada vez mais posta em causa
pelos jogos de computador.
Num
mundo que gira em torno do dinheiro e do lucro fácil, onde a violência
prolifera e os abusos sexuais são uma constante, em que as guerras são o
dia-a-dia de quem vê as noticias na televisão e as novelas apenas sabem falar
de intrigas e traições, de corrupção e assassinatos, onde os governantes
esbanjam riquezas a troco de acordos feitos diante de quer os elegeu e à custo
dos erários públicos, falar em inferno torna-se bastante natural e até
desejável. O ateísmo toma o comando em relação à crença e a descrença torna-se
geral. Então surgem as dúvidas e incertezas, o desvio das normas e os prazeres
da carne tomam proporções exacerbadamente exageradas. Temos então o mundo a
decrecer gradualmente e a uma velocidade cada vez mais estonteante tomando um
ritmo tão acelerado que se tornará impossível de haver retorno.
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