terça-feira, 30 de julho de 2024

Inferno

 

Inferno é um termo de origem latina e significava a morada dos mortos, o mundo inferior, lugar de sofrimento e condenação. A palavra é aplicada em vários outros países e mitologias para definir as profundezas, ou o mundo inferior e tem muitas outras terminologias, tais como Hades, do grego e Seol, do hebraico.

Este termo sofre algumas variações nas diversas traduções, desde o Antigo Testamento, em que surge a palavra Sheol, até ao Novo Testamento em que aparece o termo Hades e na Septuaginta, cuja tradução, um pouco infeliz, se refere a inferno.

Inicialmente era entendido como um lugar escondido e oculto, a morada dos mortos e nunca um lugar de sofrimento e tormento, como atualmente é entendido. A versão atual refere-se a um lugar onde os diabos torturam aqueles que morrem e onde aparecem formas humanas distorcidas, ou seres meio humano, meio animal e se faz propaganda deste lugar em jogos e até mesmo em desenhos animados criando assim uma imagem de um mundo de chamas eternas.

A fusão entre paixãodesejopecado e condenação envolvida na imagem do Inferno permitiram ao imaginário contemporâneo imaginar antes lugar de prazer e de servidão ao prazer do que propriamente de sofrimento ou purificação. O fenômeno é bem observado na cultura cristã que, no seguimento dos esforços aplicados às ideias de purificação do monoteísmo, condenou as divindades mais materiais da fertilidade, das paixões e da energia sexual, o que literalmente as transformou em demônios. Assim, os arquétipos da paixão e do prazer ficaram associados ao do inferno, com a consequente mudança de sentido e de atração sobre a imaginação.

Outras correntes de pensamento actuais, curiosamente também com base na cultura católica-cristã, demonstram a sua opinião de inferno não como um local físico, mas antes como um estado de espírito, indo ao encontro da ideia preconizada por diversas correntes filosófico-religiosas partidárias da reencarnação[1].

Muito embora existam diferentes formas de definir o inferno, o certo é que na atualidade se dá enfase a um lugar propício aos prazeres sexuais e aos instintos humanos mais selvagens. Este mesmo realce é salientado de certa forma chamativa que o seu contrário soa a falsidade e a mentida estampada a quem estiver de fora. É o caso de algumas igrejas ditas cristãs que apregoam o evangelho de uma forma impositiva cujo único intento é a chamada dizima.  O dinheiro, sempre o dinheiro no meio de tudo isto. O mote para muitas discórdias e muito crime.

A ideia surge também nos jogos de computador, em filmes e nos desenhos animados como um lugar atrativo dando uma imagem distorcida de uma realidade suposta da qual ninguém pode ao certo dizer se existe, ou não. A publicidade e as mais diversas empresas aproveitam-se desta forma para lucrar com tudo isto e assim levar a juventude a desviarem-se de uma realidade cada vez mais posta em causa pelos jogos de computador.

Num mundo que gira em torno do dinheiro e do lucro fácil, onde a violência prolifera e os abusos sexuais são uma constante, em que as guerras são o dia-a-dia de quem vê as noticias na televisão e as novelas apenas sabem falar de intrigas e traições, de corrupção e assassinatos, onde os governantes esbanjam riquezas a troco de acordos feitos diante de quer os elegeu e à custo dos erários públicos, falar em inferno torna-se bastante natural e até desejável. O ateísmo toma o comando em relação à crença e a descrença torna-se geral. Então surgem as dúvidas e incertezas, o desvio das normas e os prazeres da carne tomam proporções exacerbadamente exageradas. Temos então o mundo a decrecer gradualmente e a uma velocidade cada vez mais estonteante tomando um ritmo tão acelerado que se tornará impossível de haver retorno.



[1] Wikipédia A enciclopédia livre

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